A Revolução do Têxtil
Foi o primeiro sector da economia a sofrer o embate da abertura de mercados. Muito por culpa da mão-de-obra barata em que assentava a sua competitividade. O que sucedeu a seguir é conhecido: falências em massa, aceleradas pela abertura dos mercados às importações da China e Índia. Não tardou que aparecessem as habituais carpideiras a sugerir que não havia lugar para o têxtil.
A experiência recente mostra que não é assim. Veja-se o aparecimento de empresas cujo modelo de negócio não assenta na mão-de-obra barata mas no valor acrescentado (com inovação à mistura). Quem visitar a cintura industrial têxtil constata que, no meio dos destroços fumegantes de empresas que não se adaptaram à mudança, estão a nascer unidades empresariais de ponta. Com capacidade para competir com os melhores. Como as empresas que fornecem equipamentos de ponta aos atletas, de várias nacionalidades, presentes nos Jogos Olímpicos (v.g. a Petratex, cujo fato de banho está a fazer cair recordes do mundo na natação). Empresas que já não se limitam a fabricar, mas a inovar. E a patentear as inovações, verbo até há pouco inexistente no dicionário da gestão portuguesa.
O que se está a passar na indústria têxtil é a confirmação de que não há sectores condenados. Há empresas bem e mal geridas. Cortesia da abertura dos mercados, que obrigaram os empresários a usar a cabeça, em vez do proteccionismo, para sobreviver.
Camilo Lourenço
In Jornal de Negócios
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