A metamorfose da desilusão
A maior metamorfose de todos os tempos não passou de uma forte ilusão.
O público saiu decepcionado.
A maior metamorfose de todos os tempos, prometida pelo mágico Luís de Matos para assinalar a eleição do Mosteiro de Alcobaça como uma das sete maravilhas do património português, não passou, afinal, de uma grande desilusão.
Centenas de pessoas, que se foram juntando na praça do Rossio desde o final da tarde de Domingo para assistir a um dos espectáculos mais badalados de sempre, não escondiam o seu desapontamento pelo número de Luís de Matos.
Incrédulos, muitos ainda aguardaram algum tempo no local, de olhos no Mosteiro, a aguardar pela segunda parte do espectáculo mas, afinal, a metamorfose que prometia deixar o público pasmado não foi além dos três minutos com o mágico a tentar libertar-se de um colete de forças antes da corda em que estava suspenso, com a ajuda de uma grua que o elevou a vários metros do solo até às torres do Mosteiro, se estatelar no chão.
No final, as cerca de 16 mil pessoas, números da organização, comentavam o que consideravam ter sido uma das maiores desilusões de sempre. Ouviram-se criticas como "estamos fartos de ver este número", "isto é uma palhaçada", "foi uma grande desilusão", "estamos completamente decepcionados", ou "há estradas de Alcobaça que precisam de obras e não as têm" e "a Câmara devia era demitir-se porque gastou 36 mil contos para nada".
O Presidente da Câmara, Gonçalves Sapinho, reconheceu que o evento ficou "aquém das expectativas", mas preferiu, ainda assim, salientar o papel que Luís de Matos teve durante a campanha "o truque é votar" para a eleição do Mosteiro como "Maravilha de Portugal". O mágico foi o padrinho da campanha de Alcobaça para a eleição do Monumento, património da Humanidade, e comprometeu-se, no final, com a Câmara, a elaborar num espaço de um ano um espectáculo exclusivo e grandioso para o concelho e o país verem.
O autarca admitiu que desconhecia o conteúdo do espectáculo preparado pelo mágico, que a organização designou como a maior metamorfose de todos os tempos, por, segundo afirmou, "confiar no prestígio nacional e internacional de Luís de Matos". A autarquia confirmou que pagou os 180 mil euros sem saber o que estava a comprar.
Mais surpreendente foi a afirmação do assessor do Presidente da Câmara, Eduardo Nogueira, que, mesmo perante o descontentamento generalizado do público, disse que se tinha tratado de um bom espectáculo, que as pessoas tinham gostado e que, quanto ao dinheiro empregue em tempos de crise, era um sinal de uma Câmara activa e que não se deixava abater pelos sinais de dificuldade, investindo, assim, na cultura e na animação da sede do concelho.
Por seu lado, Luís de Matos mostrou-se espantado com as criticas do público e garantiu que se "entregou por inteiro ao espectáculo e que melhor só mesmo com outro artista". O mágico considerou ainda um bom sinal quando as pessoas saem dos seus espectáculos a quererem mais. Aos críticos do espectáculo deste Domingo, que consideraram 180 mil euros excessivos para o trabalho de três minutos apresentado, Luís de Matos respondeu que melhor só se contratassem "um mágico melhor" do que ele.
A Câmara pagou 180 mil euros ao mágico de Coimbra para fazer um número exclusivo para Alcobaça e que servisse de comemoração e agradecimento a todos quantos votaram naquele monumento em 2007. O valor já tinha sido considerado excessivo pela oposição na Câmara.
In Rádio Cister
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Um triste episódio para Alcobaça que deixará com toda a certeza marcas profundas. Muitos foram os anos de trabalho necessários para se criar uma boa imagem da nossa cidade e concelho, e basta apenas um infeliz momento de 3 minutos para deitar todo esse esforço por terra. Alcobaça não merece e é bom que haja alguma reflexão sobre o que se passou.
Esteve mal a C.M.A. que comprou um espectáculo, bastante dispendioso e com um peso considerável no orçamento, e não fez o devido acompanhamento do produto que estava a adquirir. Creio que houve algum amadorismo e talvez excesso de confiança na empresa que fez a venda.
Esteve mal o acessor do Presidente da Câmara pelas palavras que proferiu ao tentar esconder o fracasso que foi o espectáculo e ao dar uma imagem não verdadeira do que se passou.
Mas no fundo, esteve MUITO MAL o Luís de Matos e toda a sua equipa. Trata-se de um grande artista neste domínio e que sabe que não pode vender gato por lebre. Ficou também manchado o seu nome e a sua carreira. O Luís de Matos deveria estar perfeitamente consciente que vender um espectáculo de 3 minutos por aquele montante daria certamente azo a críticas. Um profissional não pode funcionar nestes moldes e tem de corresponder ao esperado.
Foi anunciada uma grande "Metamorfose". Houve um ano de preparação e para quê? Para um número mais que gasto? O LM sabia que estava a faltar ao prometido...
Para mim nada disto faz sentido. Acho incrível que um artista deste calibre faça algo deste género. Já pensei até que o número previsto até estaria em andamento, e que por algum problema não pôde ser executado... Alguma falha de última hora e foi-se buscar algo antigo ao saco para entreter?! Ainda assim, faltaria honestidade e coragem!
E já agora, será que a CMA já pagou pelo espectáculo? Se não, será que não pode reclamar por falta de incumprimento?
Se já pagou, também é de estranho como pagam um valor avultado por algo que nem sequer fazem ideia... É também uma falta de consideração por todas as outras empresas que prestam serviços à C.M.A., em especial as empresas que executam as obras públicas, que quase sempre já com o trabalho terminado e com o bom serviço à vista, esperam meses pelos pagamentos. Empresas que muitas das vezes fazem investimentos avultados para corresponder às exigências da C.M.A. e esperam e desesperam, entranto às vezes em situações delicadas, pelo cumprimento dos respectivos pagamentos.
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