Uma das falhas existentes na constituição Portuguesa é o facto de as autarquias dependerem fortemente dos índices de construção nas suas áreas de abrangência. Não seria propriamente uma falha se os representantes dos municípios tivessem alguma sensatez, mas o que é certo é que isso não se tem verificado.
Assim sendo, tem vindo a ser do interesse das respectivas autarquias a densificação dos seus espaços urbanos sem limites reais e lógicos. Acontece que o mercado da habitação saturou, o que se traduz num grande risco de perda de verbas para as autarquias que, sob esse pânico, parecem querer ignorar essa realidade.
Sou apoiante da ideia de que os órgãos governamentais não devem interferir nas regras de mercado em casos como este embora considere preocupante o facto de este ser um mercado gerido por pessoas sem formação, sem capacidade de análise e sem uma visão estratégica de futuro. É aqui que começo a acreditar que as entidades oficiais deveriam começar a exercer algum controlo. Também em Alcobaça.
É estranho que com o elevadíssimo número de fogos à venda em Alcobaça se continue a contruir a um ritmo impressionante e que mesmo após a falência de algumas construtoras e que após a constatação de situações de degradação humana daí derivadas se continuem a iniciar processos de contrução de blocos.
Certo é que a Câmara Municipal não deveria criar entraves à construção e ao alargamento do mercado, mas também não é menos certo que a Câmara não gostará de ter em seu território um grande número de edifícios devolutos, abandonados e em ruínas. É por tudo isto que penso que deveria existir algum controlo, pois toda a população sairá lesada.
Em Alcobaça, como também no resto do país, os responsáveis têm de entender que são mesmo necessários estudos de crescimento demográfico para futura validação do número de licenças atribuídas, sob pena de se criarem grandes monstros em ruínas um pouco por todo o lado. E depois, terão talvez de gastar muito mais para limpar a asneira que cometeram...
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