terça-feira, 1 de março de 2011

Câmara de Alcobaça já autorizou arranque de testes sísmicos

A Câmara Municipal votou, por unanimidade, permitir à Mohave Oil & Gas Corporation a realização de estudos geofísicos na cidade de Alcobaça.

Contudo, a deliberação, ocorrida na segunda-feira em reunião de Câmara extraordinária, exige à empresa canadiana - que quer saber se existe petróleo no concelho - a criação de um perímetro de segurança de 500 metros à volta do Mosteiro de Santa Maria.

A Mohave comunicou, numa reunião com a autarquia, querer efectuar testes sísmicos a poucos metros do conjunto cisterciense, mas essa pretensão foi desde logo colocada fora de hipótese por se tratar de um monumento classificado pela UNESCO como Património da Humanidade.

Assim sendo, os trabalhos decorrerão de facto na cidade de Alcobaça, mas afastados do seu centro histórico, garante Paulo Inácio, presidente do executivo camarário, explicando que o consórcio está preparado para iniciar os estudos já no próximo mês de Março.

Na prática, cerca de 40 a 50 camiões de diferentes tonelagens serão colocados em distintos pontos da cidade, provocando uma vibração que é transmitida a um computador que, por sua vez, lê as vibrações emitidas pelo subsolo.

Em Alcobaça analisará uma área de 160 quilómetros quadrados.

Está previsto que a empresa invista «cerca de 70 milhões de dólares» nas pesquisas.

Caso se venha a confirmar a existência de petróleo, o projecto de exploração só poderá iniciar-se dentro de um ano e meio a dois.

Resta ainda referir que o voto de aprovação da autarquia está condicionado pela resposta que o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) der à pretensão da Mohave.

Caso o organismo diga que os estudos não podem decorrer por colocarem em causa o património arquitectónico da cidade, a autarquia de Alcobaça colocar-se-à imediatamente ao lado do IGESPAR, inviabilizando também ela a intenção da companhia exploradora de petróleo.

Entrevista

Em baixo entrevista ao Correio da Manhã de Rui Vieira, Geólogo da Mohave Oil & Gas Corporation sobre a prospecção de petróleo e gás natural na região de Alcobaça.

Pretendem fazer análises sísmicas no centro histórico de Alcobaça?

Rui Vieira – Estamos a trabalhar numa área de 160 km², que inclui a cidade. É um obstáculo como qualquer outro. Percebemos que as pessoas têm outra percepção; como queremos garantir boa relação com a comunidade, optámos por manter uma distância de 500 metros e nem chegar a entrar na malha urbana. Como a cidade é pequena, vamos estar nos subúrbios.

– Fica salvaguardada qualquer influência no Mosteiro?

– É um trabalho inócuo, podíamos estar a dez ou vinte metros. As vibrações são inferiores às provocadas por um camião de 40 toneladas a passar em frente ao Mosteiro, algo que aconteceu durante muitos anos. De qualquer forma, à distância a que serão colocados, os equipamentos de vibração do subsolo não causarão danos estruturais no monumento. Noutros locais, a perfuração pode ir até três mil metros de profundidade.

– Nesta fase ainda não há preocupação com a negociação dos terrenos?

– É uma questão que vem a seguir, noutra fase do campeonato.

In Rádio Cister

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