quinta-feira, 14 de julho de 2005

Câmara quer instalar pousada no mosteiro

José Gonçalves Sapinho, em declarações à agência Lusa, disse esperar que o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) promova a comissão - com a participação de autarcas, investigadores e consultores diversos -, de modo a definir uma "fruição de qualidade" do monumento. O mosteiro não pode continuar a ser o conjunto de "pedras frias isoladas e desoladas" a que está hoje reduzido, defendeu o autarca, propondo soluções de investimento na área da educação e hotelaria, bem como um auditório de grandes dimensões. "Este é um dos poucos monumentos portugueses à escala europeia" e deve ser "potenciado" além da vertente turística. Apesar da sua antiguidade, o mosteiro de Alcobaça ainda é um dos maiores espaços cobertos do país e está agora, na sua totalidade, sob a tutela do IPPAR, o que poderá facilitar a "coordenação de investimentos" futuros, no quadro do próximo pacote de fundos comunitários. Na zona envolvente, a autarquia está a realizar a requalificação, faltando encontrar "fórmulas" de viabilizar os vários claustros e espaços interiores do monumento, considerou o autarca. De acordo com um estudo do economista Ernâni Lopes, para recuperar o monumento são necessários investimentos na ordem dos 50 milhões de euros, um valor elevado que Gonçalves Sapinho espera atingir com o recurso a fundos comunitários e a "parcerias com privados". Em carta enviada ao IPPAR, o autarca defendeu que "deve haver uma preparação prévia" dos projectos a apresentar. "O pobre Estado Português pode dar-se ao luxo e ao requinte de ter nas barbas de Lisboa - a 80 km - esta bela peça de arquitectura, em razoável estado de conservação, sem destino, sem uso, sem fruição nacional, regional ou local?" - questionou o autarca no texto. "Perder hoje a oportunidade de elaborar um programa" global de investimentos junto da União Europeia constitui um acto de "masoquismo", considerou Gonçalves Sapinho. A Lusa tentou obter um comentário junto de Flávio Lopes, director da Delegação de Lisboa do IPPAR - da qual depende o Mosteiro de Alcobaça - que tem estado a coordenar o plano estratégico do monumento, mas este encontra-se fora do país e incontactável.
In "Diário de Leiria"

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