A seca que tem afectado o País e particularmente o distrito de Leiria, está a provocar a morte diária de dezenas de peixes na Lagoa de Pataias. Desde o passado mês de Junho os serviços da Protecção Civil de Alcobaça já retiraram centenas de espécimes mortas e outros continuam moribundos por falta de água.
Dezenas de peixes perca-sol e carpas estão a morrer diariamente na Lagoa de Pataias, desde o passado mês de Junho, devido à seca que tem afectado o País nos últimos três meses.
Para além dos quilos de peixes mortos que os serviços da Protecção Civil Municipal de Alcobaça já retiraram da lagoa desde o início do Verão e depositaram no Aterro da Nazaré, ontem de manhã alguns dos espécimes, essencialmente carpas, continuavam moribundos na pouca água mal cheirosa existente numa das zonas da lagoa.
As restantes partes estão cheias de caniços e de uma grande quantidade de lodo acumulado no fundo, depois da evaporação da água, e devido às elevadas temperaturas que em alguns dias chegaram a atingir os 40 graus. "A morte dos peixes tem aumentado de uma forma galopante, porque a seca tem sido muita e a pouca água que resta na lagoa aquece com muita facilidade", explicou Sofia Quaresma, bióloga da câmara de Alcobaça, que tem acompanhado a catástrofe ambiental na Lagoa de Pataias, procurada por dezenas de pescadores durante os meses de Inverno.
Os serviços de protecção civil estão a acompanhar de perto a situação, mas, segundo Sofia Quaresma, a principal dificuldade em evitar mais mortes é a impossibilidade de retirar todos os peixes perca-sol (espécie nociva), que comem as ovas dos outros.
Surgiu a possibilidade de serem retiradas as carpas ali existentes com recurso à pesca eléctrica, mas a pouca profundidade da lagoa impede a entrada de um barco. "É uma situação complicada, porque os peixes perca-sol são em maior número, e são depositados na lagoa pelas pessoas quando não os querem ter em casa. Para além disso, nunca se tinha registado um abaixamento tão grande dos níveis da água", acrescenta a bióloga, recordando que em Junho de 2003 registou-se a morte de muitos peixes, mas em número muito inferior comparativamente à verificada este ano.
Segundo a bióloga, a única forma de devolver o ecossistemà lagoa é fazer o repovoamento de peixes ruivacos (espécie dominante noutros tempos) após a drenagem da lagoa, prevista para meados deste mês.
A acção consiste na remoção dos sedimentos poluídos e a recriação do fundo para a acumulação da água. A Zona Sul também deverá ser intervencionada para a colocação de aves e mamíferos. "A situação actual de seca é uma oportunidade única para intervir na Lagoa de Pataias e aprender com a resposta do ecossistema, pois, face às alterações climáticas globais, estes fenómenos tendem a ser cada vez mais frequentes num futuro próximo", defende a bióloga.
Oikos alerta para preservação do leito
O presidente da Oikos - Associação de Defesa do Ambiente e Património da Região de Leiria, Mário Oliveira, alerta para a preservação imediata do leito da lagoa, a conservação da impermeabilização do fundo, como medidas preventivas, para evitar a passagem de viaturas de todo-o-terreno.
"Com a situação de seca e o facto da lagoa não ter água, existe a possibilidade de ser utilizada para outros fins ", conclui Mário Oliveira.
In Diário de Leiria
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