segunda-feira, 11 de outubro de 2004

Dois CD’s Emblemáticos para Músicos Alcobacenses

TGB Dão um grande baile no Jazz Clássico
Embora o C.D. de estreia dos TGB já tenha sido lançado no mercado há alguns meses, apenas agora tivemos espaço e disponibilidade para estabelecer uma visão crítica sobre aquele trabalho discográfico. Os TGB são um trio de formação recente, com o especial interesse, para os melómanos alcobacenses, de um dos seus alicerces fundamentais ser o notável e inventivo tubista Sérgio Carolino, que assim adjectivo já há vários anos, não por ele ser um nosso ilustre conterrâneo, mas sim pelo efectivo facto de ele ser mesmo merecedor de tal classificação a nível crítico. Avaliação que tem sido confirmada, não só a nível nacional como também a nível europeu, contexto em que aquele cada vez mais prestigiado instrumentista tem mesmo sido convidado a colaborar com grandes vultos da música culta e a integrar júris de renomados concursos internacionais... Além de Sérgio Carolino, o TGB é também formado por dois eficientes e rodados instrumentistas: o guitarrista Mário Delgado e o baterista Alexandre Frazão, curiosamente visitas habituais da nossa cidade nos já distantes tempos em que a nata da new music e do jazz nacional marcava presença assídua no palco do Bar Ben.
O mínimo que se poderá escrever sobre este C.D. é que ele é mesmo uma obra de fruição indispensável, na qual aquele trio funciona mesmo como um trio, conseguindo um resultado exemplar numa desassombrada obra, cujo enquadramento e cujo fascínio superam largamente o restrito âmbito jazzístico em que alguns observadores mais desatentos a têm pretendido integrar, aproximando-se muito mais da pulverização estilística que define as ambiências mais vanguardistas da actualidade musical que do chamado jazz clássico... Os arranjos de conhecidos temas de grandes figuras da história do jazz estarão mesmo entre as composições menos cativantes deste C.D., que atinge o pleno nas peças de autoria dos seus três intérpretes, como é o caso da completiva Inércia de Alexandre Frazão ou da apetecível Pascoal Joins The Task Force de Mário Delgado, atingindo mesmo o seu clímax no dual, impulsivo e apaixonado Lilli’s Funk, no qual a irresistível veia funky de Sérgio Carolino sidera literalmente mesmo o ouvinte mais incrédulo! Todavia, os momentos (ainda) mais felizes e impressionantes deste C.D. são vividos no seu tema final, através de uma avassaladora interpretação de Black Dog dos Led Zeppellin, provando que nem o hard rock consegue escapar à eloquente força interpretativa e criativa de uns TGB que são já um caso muito particular e marcante da nossa new music! A coisa promete ainda muito mais para o próximo C.D....

Loto não querem dar Baile mas fazem mesmo Dançar
Também com alguns meses de atraso sobre o seu lançamento, deliciámos agora os nossos ouvidos e o nosso pézinho dançante com a audição crítica do segundo C.D. da banda pop alcobacense Loto. Sob o alusivo e sensato título The Club, este segundo e muito balanceado trabalho discográfico do trio formado pelo baterista João Pedrosa, pelo teclista João Tiago e pelo vocalista Ricardo Coelho consegue não só manter o que de melhor havia apresentado no seu anterior Swinging on a Star como até apresentar substanciais melhorias face àquele disco no que respeita a potenciais e conseguidos hits, como foi o caso do badaladíssimo Back To Discos (que até parecia ter hora diária marcada na MTV) e é agora o da ondeante e ainda mais apelativa Celebration (Celebrate Baby!). Contudo, todo este The Club se ouve num regalado embalo e numa imparável embalagem, tanto neste C.D. como nas suas convincentes apresentações ao vivo, mostrando-se como uma obra coesa e adulta, demonstrando mais uma vez que o rock alcobacense continua a vender saúde e felicidade, afastando-se cada vez mais da inocência de outras eras! Tendo pessoalmente vivido uma considerável e frutificante parte da História do Rock Alcobacense não duvido de que a sua actualidade, naturalmente bem distante do primitivismo e voluntarismo de outras épocas, representa o seu momento artístico mais elevado, nomeadamente em termos de potencialidade técnica e criativa, meios de trabalho e reconhecimento a nível nacional. É nesse preciso contexto que aqui posso escrever que os Loto, embora pouco tendo a ver com aquele passado, são uma declarada e revigorante prova viva da emancipação daquilo a que temos chamado rock alcobacense. Cuja evolução, graças a bandas como esta e como os The Gift, continuará certamente a fazer história, provavelmente ainda durante este ano...

De José Alberto Vasco

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