O Rei D.Manuel que governaria durante vinte seis anos, entre 1495 e 1521, teve dois filhos Abades Comendatários do Mosteiro de Alcobaça. No ano anterior, o último do reinado de D.João II, assinara-se o Tratado de Tordesilhas.
O primeiro dos Comendatários foi D.Afonso que ainda criança assumiu o Bispado de Évora e foi Arcebispo de Lisboa e o segundo, o Cardeal D.Henrique, que viria a ser Rei após a morte de seu sobrinho D.Sebastião nos campos marroquinos de Alcácer-Quibir.
Entre 1519 e 1530, data em que pode assegurar o Abaciato, o jovem comendatário Afonso é ajudado na administração dos Coutos por duas personalidades: D.Francisco da Fonseca, Bispo de Titopole e Vasco de Pina, alcaide-mor da Vila de Alcobaça.
Após 1530 e até à sua morte prematura em 1540 D.Afonso assume a administração de Alcobaça, que contava à época com 42 monges.
No seu Abaciato e por determinação do Rei, João de Castilho inicia uma primeira campanha de obras no Mosteiro com vista a datar a casa com novas instalações.
Castilho a partir de 1519 encarregar-se-á de construir uma nova Sacristia(Manuelina), uma Livraria que instalará na Nave Poente do antigo Dormitório onde a nascente se farão celas de noviciaria.
Haverá um novo andar sobre o antigo Dormitório com celas.
O velho cadeiral com 80 cadeiras será substituído por um novo com 150 cadeiras, peça magnífica feita de carvalho de Flandres trabalhada por João Alemão.A obra foi incendiada durante as Invasões Francesas no início do sec. XIX. Segundo a historiadora Iria Gonçalves, havia no Mosteiro no início do sec. XVI 33 monges, 5 noviços e 7 conversos, o que confirma a observação anterior.
D.João III sobe ao trono em 1521 e reinará por 36 anos.
Em 1540 o Cardeal D.Henrique prepara-se para ser Comendatário de Alcobaça, cargo que assumirá em 1542.
Se pensarmos bem este período é notável para Portugal.
Foi então que globalizamos, a partir da Europa, a América , a África, a Ásia. Os Continentes ligaram-se por via dos Portugueses e das origens do Rei Venturoso que soube seguir o que recebeu em herança de dois personagens incontornáveis :o Infante D.Henrique e o Rei D.João II. No ano de 1532, o mesmo da visitação a Alcobaça de Frei Edme de Saulieu, ainda não estavam disponíveis a enfermaria nova, o forno novo, o madeiramento do piso alto do claustro, as oficinas e a massaria, o que parece lógico uma vez que o leito do Alcoa só será desviado para o seu caminho actual em 1566, um ano antes do pedido de criação da Congregação Independente de Alcobaça, que seria realidade em 1569. O Comendatário D.Henrique, que entretanto fora Regente do Reino (1563-68) viria a ser o Geral da Congregação em 1574. Nesta altura há 110 monges no Mosteiro e o refeitório ostenta a porta actual como o lavabo fronteiro havia recebido o terraço.
A partir de 1542 haverá no plano arquitectónico a reforma de Miguel Arruda e no plano moral a de Frei António Lisboa. As necessárias (latrinas) terão assentos novos e 1566, no ano do já referido desvio do leito do Alcoa, e terminam as obras do claustro do Palácio onde após a morte de D.Henrique se instalou a portaria da hospedaria.
D.Sebastião já reinava quando D.Henrique promove a construção de um novo altar-mor. Encomenda em Leiria a António Ferreira um retábulo. Manda fazer uma nova custódia e colunas que avançarão a Capela, estávamos em 1570.
Ao longo dos séculos o quotidiano do Mosteiro obrigou ao repensar dos espaços, à sua reforma e ampliação. À medida que mudavam os discursos alteravam-se as funções .À medida que as funções se perdiam os espaços reconvertiam-se.
Este é um exercício de muitos outros que um grupo de trabalho multidisciplinar conta apresentar dentro de três anos.
Rui Rasquilho, via JERO
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