quarta-feira, 19 de maio de 2004

O sistema hidráulico Cisterciense

O sistema hidráulico aparece como um dos parâmetros de valorização constando do texto que fundamenta a classificação, como património da humanidade, do Mosteiro de Alcobaça, aí descrito como "um exemplo excepcional, de um grande estabelecimento cisterciense com uma estrutura única de sistemas hidráulicos e de edifícíos funcionais".
Do sistema hidráulico cisterciense alcobacense, que usufruiu da experiência já acumulada pelos Monges Cistercienses à sua chegada a Alcobaça, seriam postos em evidência neste núcleo - embora em complementaridade com a secção integrada no espaço delimitado pelo próprio complexo monástico e com ele classificada - os dois segmentos a montante e a jusante da zona de protecção do monumento (os quais parecem não proceder, relativamente a essa secção, da mesma lógica de tratamento):

- o segmento compreendido entre a nascente do rio Alcoa no vale do Poço Suão (Chiqueda ou Chaqueda) e a entrada na zona de protecção do Mosteiro, ligando os seguintes pontos: Chiqueda de Cima e Chiqueda de Baixo, "atravessando" a conduta algumas quintas (quinta das Freiras, quinta da Barrada onde está implantado o açude que serve de ponto de partida à Levadinha cujo caudal serve o Mosteiro, quinta da Cova da Onça);
- o segmento compreendido entre a zona de protecção do Mosteiro e a foz do rio Alcoa na enseada da Nazaré, ligando os seguintes pontos: a confluência entre os rios Alcoa e Baça, a norte da antiga fábrica da Alimentícia, a azenha da rua de Baixo, o açude da Fiação que alimentava a central eléctrica da Fiação; encurvando para poente, "atravessa", com as suas represas e canais de irrigação, os campos da Maiorga e do Valado, em que está situada a quinta do Campo (antiga granja do Mosteiro), a zona da Barca em direcção à foz do rio Alcoa, que sofreu uma primeira estabilização em 1814.
Esses dois segmentos beneficiariam neste núcleo de uma intervenção museológica em que as suas envolventes seriam convertidas em locais de passeio, acessíveis e aprazíveis, em que a leitura do testemunho remeteria para o intercondicionamento entre essas envolventes e a Ordem de Cister que, ao longo dos séculos, as transformou.
In Marcas e Sinais De Cister
de Maria Olímpia Lameiras-Campagnolo, João Oliva Monteiro, António Sanches Branco, Henri Campagnolo

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