O Alcopázio Bar apresenta a exposição fotográfica "Costa de Prata" por João Costa, a partir desta Sexta-feira, dia 17 de Julho, e até ao dia 20 de Agosto.
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um apocalipse recortado em sons de prata e poesia
O João Costa volta a surpreender-nos através da imensidão poética desta sua costa de prata, talhada entre praias e céus da Polvoeira, Nazaré, S. Martinho do Porto e Peniche... areia, mar, rochas, nuvens e outras loucuras da nossa solidão evoluem a um ritmo aparentemente esbatido pelo silêncio, perante o nosso olhar e a nossa atenção... dois indivíduos caminhando isolados num universo de despojos, do dia e da noite, da vida e da morte… a impotência do homem perante a imponência do universo… um paraíso em tons de preto e branco, que se materializam numa visão em prata, quase tão pura como a interioridade que nestas fotografias se desenrola perante a nossa insuficiência… falésias recortadas na paisagem entre o céu e a areia das praias… a visão poética de um universo escarpado entre a realidade e um sonho que a cada instante se parece transformar num pesadelo paradisíaco e inesperado… dunas ondeando entre o céu e o inferno, num enquadramento épico talhado em mate poético e visualmente arrebatador… as fotografias do João Costa recriam os abismos da nossa alma e os penedos que povoam tentadoramente os nossos destinos e paixões… trata-se de uma clara elegia à natureza desértica e homérica de intrépidas paisagens que nos transportam até ao infinito… o universo fotográfico criado pelo João costa acaricia-nos ao som de Edgar Varèse e dos seus agrestes deserts… sublinhando a nossa impotência perante o universo e a arte… a costa de prata que nestas fotografias se desenvolve perante nós é uma monumental pintura de reticências e ausências, em que a palavra e o movimento assumem tanto de irreal como de perturbador… o dia é dia, mas parece noite… a lua e o sol estão tão ausentes como a realidade… as imagens nuas, cruas e duras do João Costa violam minuto a minuto as nossas almas neste seu apocalíptico universo recortado em sons de prata e poesia… tão belo e aterrador que nos deixa nus e solitários perante as coisas mais simples do mundo e da vida… é disso que nos falam estas fotografias: da sensação de que é preciso sabermos viver para além da morte e de uma eternidade seduzida em tons de queda, onanismo e ascensão… sem quaisquer limites… numa sedução de preto e branco que a cada minuto se restabelece numa onírica imensidão estética de prata e infinito… o amor parece ausente, mas não está… ele está lá, tão platónico e pertinente como uma gota de água do mar… tão lúcido e incandescente como a virtuosidade do grão de areia numa praia sem sexo e sem vida…
josé alberto vasco
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