Estacionou no lugar erradoe teve as Finanças à perna
Jorge Mateus estacionou o seu automóvel num lugar reservado à chefia da Repartição de Finanças de Alcobaça (RFA) e passados poucos minutos o seu passado fiscal já estava a ser analisado de modo a "vingar" o atrevimento. Um episódio aparentemente recorrente na repartição, mas que neste caso terminou com um internamento.
Como já alegadamente fizera em pelo menos outros dois casos, o chefe da RFA, Hélder Ferreira, verificou que o condutor que ocupara o seu lugar de estacionamento tinha uma dívida ao fisco e ordenou a apreensão dos documentos do respectivo veículo. A decisão irritou o empresário Jorge Mateus, que, no calor da discussão que diz ter tido com Hélder Ferreira, se sentiu mal (tombou inconsciente em plena repartição) e foi hospitalizado. O chefe de Finanças, ao JN, recusa-se a comentar o insólito caso, invocando sigilo profissional.
A estória começou por volta das 15.30 horas do dia 14 de Julho, quando Jorge Mateus se dirigiu às Finanças. Ao chegar ao parque da RFA, viu um "buraco", e estacionou. "Não vi que era um lugar das Finanças", justifica-se, agora, o dono de uma velha discoteca de Alcobaça. Só no interior da RFA é que Jorge Mateus, que se confessa um "despassarado", se lembrou de aproveitar para comprar o selo automóvel. Meia hora de fila depois, sentou-se à frente de um funcionário, na Tesouraria, e pousou o livrete do carro na mesa.
Nesta altura, o chefe da RFA já chegara ao parque de estacionamento. Como não gostou de encontrar o seu lugar ocupado por um estafado Mercedes, e já no computador do seu gabinete, acedeu a uma base de dados dos contribuintes. Verificou, então, que aquele carro pertencia a Jorge Mateus e que este tinha pendentes vários processos fiscais e uma dívida de 315 euros. Desceu ao rés-do-chão, encontrou Jorge Mateus, pegou-lhe no livrete e ordenou a um funcionário que procedesse à apreensão do veículo. Jorge Mateus alegou que precisava dos documentos, inclusive para "ir a Lisboa fazer uns exames ao coração". O chefe da RFA terá respondido que sabia quem era Jorge Mateus, porque ele deixara o carro no estacionamento das Finanças, e já tinha recebido uma carta para pagar a dívida ao Fisco. O empresário respondeu que se trata de 315 euros e que, naquele dia, não pagou porque não tinha tanto dinheiro consigo. Já muito enervado, ameaçou, em voz alta, fazer "queixa" do chefe da RFA. Este reagiu subindo para o seu gabinete, e foi então que Jorge Mateus caiu inanimado. Esteve sete horas internado (já tinha sido operado às artérias coronárias) e só em casa verificou que alguém lhe tinha colocado o livrete junto dos seus outros documentos.
In Jornal de Notícias
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