"É essencial contextualizar todo o Mosteiro de Alcobaça para que se possa elaborar um plano de director". Estas foram palavras de Elísio Summavielle, presidente do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), durante a reabertura ao público da Sacristia Manuelina e Capela Relicário do Mosteiro de Alcobaça (consultar esta notícia), explicando que "cada ano que passa, a recuperação do monumento torna-se mais difícil, apesar de já existirem ideias para o Mosteiro, mas que são precisas integrar num plano maior". Apesar das ideias que vão surgindo, há oito anos que se encontra inactivo o espaço devoluto do Mosteiro construído entre finais do século XVI e princípios do século XIX.
O presidente do IPAAR defendeu ainda, como prioridade, a elaboração de um plano director para o Mosteiro de Alcobaça, antes de se proceder à ocupação dos espaços devolutos, nomeadamente, do antigo Lar Residencial. Um plano que segundo Elísio Summavielle, deverá assentar numa solução diversificada, na qual para além da unidade hoteleira, esteja incluído um pólo de ensino universitário e outros projectos, como por exemplo, a "boa e antiga ideia" do escultor José Aurélio de recriar a escola de monges barristas.
No entanto, Elísio Summavielle, admite que "tenho medo de grandes unidades hoteleiras com 100 ou 200 quartos que, nos anos subsequentes, se podem revelar apostas falhadas", numa referência à ideia de, através de uma parceria público-privada, ser instalada naquele monumento uma unidade hoteleira de luxo.
Summavielle recordou que o turismo sénior representa um universo cada vez maior e que, graças a ele, "existem hotéis de charme com 30, 40 ou 50 quartos que têm rotação durante todo o ano, desde que haja oferta cultural para estas pessoas" advertindo contudo, que "não basta um local para dormir com um SPA e um ginásio, se à volta não houver mais nada". Apesar de não descartar a hipótese de uma unidade hoteleira, o presidente do IPPAR expressou a sua preferência em ter uma universidade a funcionar no Mosteiro, com cursos vocacionados para as artes e turismo.
"Rota de Cister foi inconsequente"
Referindo-se à eventual apresentação de candidaturas a apoios financeiros comunitários para desenvolvimento de projectos no Mosteiro de Alcobaça, Elísio Summavielle lembrou que no âmbito do Quadro de Referência Estratégia Nacional (QRNA) 2007/2013 nem a Câmara Municipal de Alcobaça nem o próprio IPPAR podem candidatar projectos isoladamente, uma vez que o próximo quadro comunitário de apoio vai ser regionalizado e exigir parcerias.
Elísio Summavielle considerou mesmo "um problema para o Ministério da Cultura", o facto do IPPAR ter apresentado no anterior Quadro Comunitário de Apoio, candidaturas isoladamente em vez de parcerias público-privadas, sendo este "mais um atractivo para a direcção do IPPAR". Procurando ilustrar o "problema", Summavielle considerou a "Rota de Cister", dinamizada há alguns anos pela eurodeputada comunista Ilda Figueiredo, como um "investimento que foi inconsequente", e acentuou que "agora, não se trata de candidatar projectos que não são viáveis, ou que são atractivos numa conjuntura, mas que depois noutra conjuntura de vaca magras se revelam inviáveis".
A apenas três meses e meio do início de 2007 - como Gonçalves Sapinho, presidente da Câmara Municipal de Alcobaça fez questão de sublinhar -, Elísio Summavielle considera que ainda há tempo para apresentar novos projectos a financiamento comunitário, adiantando que o IPPAR já tem trabalho realizado e o director do Mosteiro também está a trabalhar neste sentido.
O director do IPPAR assegurou ainda que irão ser efectuadas consultas públicas à população, antes do plano director do Mosteiro ser aprovado, e defendeu para o município "um papel importante" nesse processo de auscultação.
In Oeste Online
quarta-feira, 27 de setembro de 2006
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