Sugere-se um percurso na Serra de Aire e Candeeiros, onde o vento desperta os sentidos, a água se esconde, as rochas brincam ao insólito e a aridez que nos envolve conta a história de uma serra difícil para o Homem, lentamente desbravada.
A Serra de Aire e Candeeiros é um grande bloco calcário, que se estende por 35000 hectares, definindo uma barreira física entre a Estremadura e o Ribatejo. As gentes que nesta terra desejaram viver travaram uma árdua luta para ganhar terreno ao solo rochoso, num processo de recolha de pedras para tornar os solos aráveis, e de pedra moldaram a paisagem, hoje composta por muros que se estendem num emaranhado de perder de vista, como se de uma teia de aranha se tratasse.
A geomorfologia desta serra representa o que de mais significativo existe em formações cársicas (1) no nosso país. Abrangido por grande parte da Serra de Aire e Candeeiros, o Maciço Calcário Estremenho marca 200 milhões de anos de violentos abalos sísmicos, da movimentação progressiva das placas téctonicas e da lenta erosão provocada pelas águas na macia rocha calcária.
É o mundo do silêncio. É o mundo das profundezas. É o mundo das insólitas formações rochosas. É também o mundo onde a água se esconde nas entranhas do mundo.
O fascínio das grutas, os secretos algares (2), as dolinas (3) e polges (4), os canhões cársicos (5) e os campos de lapiás (6) são manifestações naturais que nos surpreendem pela sua invulgaridade e que se multiplicam nesta serra de suaves recortes.
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sexta-feira, 16 de março de 2007
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