segunda-feira, 16 de julho de 2007

Alcobaça e o Turismo de Praia

O concelho de Alcobaça é um famoso e conceituado local turístico, com uma oferta diversificada tanto a nível cultural e de património, como a nível balnear.
O turismo cultural, e até aqui mais desenvolvido, é impulsionado pelo nosso famoso Mosteiro que atrai milhares de visitantes à cidade de Alcobaça e que a torna conhecida além fronteiras. Muitos outros pontos se destacam a este nível no concelho, embora com um aproveitamento bem menor, infelizmente. Podemos dar os exemplos do Mosteiro de Cós, as Ruínas de Parreitas, os Fornos de Cal de Pataias...

A outra vertente turística, relacionada com os adeptos das praias tem estado ainda pouco explorada, destacando-se apenas o caso da zona balnear de S. Martinho do Porto, estância muito conhecida para este tipo de férias.

Recentemente têm vindo a público várias notícias que dão conta de um súbito interesse na nossa bonita e variada costa, com vários anúncios de contrução de aldeamentos turísticos.
Este interesse pode ser muito positivo para o concelho em termos económicos mas tem de ser estudado cautelosamente. A fome desenfreada pela contrução dos nossos empreiteiros não pode vencer a racionalidade e a futura sustentabilidade e viabilidade dos projectos.

O ponto fundamental é só um, a costa oeste de Portugal não é o Algarve nem tão pouco uma costa como a de Lisboa em termos de potencial. No oeste somos traídos pelo mesmo clima que nos abençoa na agricultura, mas que em termos turísticos é terrível. Nunca conseguiremos ter um turismo de massas nem mesmo um turismo expressivo. Os Europeus ao deslocarem-se para o sul do continente buscam principalmente o sol, o calor e a praia apetecível. Na nossa costa, e como este ano facilmente se constata, as temperaturas não correspondem a essas espectativas. Em Agosto as manhãs e as tardes estão envoltas num denso nevoeiro. As nossas noites são frias e nem sempre a praia está assegurada. Para agravar, o nosso mar apesar de bonito é gélido e traiçoeiro, com ondulação e correntes fortes que nem sempre permitem os banhos. Um turista nunca estará descansado com os seus filhos perto do mar.

Estes factores defraldam por completo as espectativas da grande maioria dos turistas e põe em causa o seu fluxo.

Apesar de tudo, haverá sempre mercado para um grupo mais pequeno de turistas ( poder-se-à vocacionar o investimento para os mercados nórdicos ), que valorizarão a qualidade das infra-estruturas e dos serviços fornecidos, mas que não serão suficientes para ocupações em larga escala.

No fundo acredito que os referidos aldeamentos são positivos para o concelho mas numa perspectiva bastante diminuta. A construção massiva semelhante à que se assiste no Algarve ou no sul de Espanha será um erro muito grave na nossa costa e criará com toda a certeza áreas devolutas e desocupadas. Isto, para não falar em termos ambientais.
A construção de campos de golfe é um forte auxiliar mas que por si só não altera muito este panorama.

Queremos uma Alcobaça turística sim, mas ponderada e adaptada à procura.

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