segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Dispersão Alcobacense

Alcobaça prepara-se para o carnaval
Alcobaça chegou a realizar oito desfiles de Carnaval, o maior e mais dispendioso na sede do concelho. Aljubarrota e a cidade de Alcobaça desistiram do evento. Este ano foi a vez de Turquel que deverá, ao que tudo indica, ficar sem o corso de Carnaval. Mantém-se as festas de Pataias, Vimeiro,Maiorga e Alfeizerão durante o dia, e o da Benedita à noite, depois da desistência, logo depois da primeira saída à rua, do desfile nocturno de São Martinho do Porto.
Razões económicas e divergências entre membros das organizações são as mais frequentes para explicar o fim dos projectos públicos de animação, como o Carnaval.
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In Rádio Cister
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Esta notícia, retirada do sítio internet da Rádio Cister, não é mais que um pequeno exemplo do que se tem passado no nosso concelho nos últimos anos e talvez décadas.

Alcobaça é um concelho desagregado, disperso e sem qualquer esforço de união. Somos o concelho dos 20 clubes de futebol, dos 10 corsos de Carnaval, outros tantos Ranchos Folclóricos e mais alguns clubes de Hóquei em Patins(valores figurativos).
Uma viagem de poucos quilómetros atravessa várias povoações que não se sabe bem onde começam e onde acabam, e que competem entre si no número de equipamentos e organizações. São várias as infra-estruturas "repetidas" em curtas distâncias.

O impacto desta (des)organização é muito significativo e acaba por não trazer quaisquer vantagens para a população, que infelizmente também não se apercebe disto.
Este exemplo do Carnaval traduz bem a nossa realidade. Não conseguimos ter um grande desfile, um desfile marcante e que eleve o nome do concelho. Preferimos ter muitos mini-desfiles, desinteressantes e de fraco contributo. Os orçamentos vão-se dividindo e sub-dividindo e no final a parte que cabe a cada um não dá para mais do que tem sido feito.
Torres Vedras tem um único desfile, assim como a Mealhada, Loulé ou Ovar, entre outros. Preferem ter apenas um desfile, mas que é grande e que não deixa de ser de todos os que lá vivem e em qualquer uma das frequesias. A cidade ganha e o concelho também!
Outro exemplo é o desporto, onde temos, por exemplo, vários pequenos clubes de futebol quando podíamos ter um grande. O concelho de Alcobaça tem potencial para ter uma equipa na Liga de Honra, mas preferimos ter vários clubes na distrital e III Divisão. Não quero com isto dizer que deveríamos acabar com grande parte dos clubes, pois o desporto é muito importante e isso seria um erro, mas centraríamos a nossa representação apenas num clube profissional ou semi-profissional e teríamos os restantes clubes a darem-lhe suporte em especial na formação.
No Hóquei é o mesmo... Ao invés de um grande clube que poderia disputar a I Divisão preferimos dividir os apoios por um clube que acabou com o escalão sénior e por outro que para lá caminha.
Este fenómeno generaliza-se ainda mais noutras áreas tão importantes como a saúde ou o ensino. Vejamos o que se passa com os serviços de saúde de Alcobaça que foram perdendo utentes para as recém criadas mini-unidades de saúde e que passaram para um segundo plano, estando mesmo a perder várias especialidades(que também não são compensadas nas novas unidades de saúde).
Os serviços centrais e de competência têm vindo a ser preteridos por mais, mas menos funcionais polos.

Tudo isto é derivado também do nosso péssimo ordenamento, herança histórica, mas ainda assim poderíamos fazer um pouco mais dentro desta desordem.
Alcobaça e o concelho são apenas um, com as suas gentes, todos Alcobacenses.

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