quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Grupo de Alcobacenses Defende Regresso dos Monges ao Mosteiro

Cília Gil chama-lhe "um sonho"

Um grupo de alcobacenses está contra a instalação de um "Hotel de charme" no Mosteiro e propõe, em alternativa, que o Monumento volte a acolher monges.

Na proposta tornada pública pelo grupo de alcobacenses, onde se incluem nomes como o de Paulo Bernardino, ex-presidente da organização católica Ajuda à Igreja que Sofre, defende-se o regresso dos monges ao Mosteiro que, por sua vez, deve ser um espaço de hospedagem de peregrinos podendo, também, vir a ser a sede de um Centro de Estudos Cistercienses.

"Um sonho", que a directora do Mosteiro, Cília Gil, respeita, embora lembre que "estamos no século XXI, numa conjunta económica e social acelerada que não permite recuos no tempo, nem instalar na Alcobaça contemporânea uma realidade medieval".

Por outro lado, adianta Cília Gil, "o Mosteiro de Alcobaça terá hoje muito pouco a ver com aquilo que foi na altura em que os Monges o habitaram". "Desconheço qualquer comunidade de monges cistercienses disposta a vir para Alcobaça com a realidade actual, já que o Monumento é um foco turístico em que se tentou preservar a característica enquanto Mosteiro de cariz religioso e enquanto património arquitectónico", sublinhou.

Quanto às preocupações manifestadas por Rui Rasquilho durante o jantar de despedida do cargo de Director do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça sobre as dificuldades para a instalação de um hotel, Cília Gil diz que respeita as opiniões do ex-diplomata e que não as quer comentar, mas adianta que dos contactos que manteve com a tutela e com a Câmara Municipal de Alcobaça, viu empenho e a consciência de que há problemas que precisam de ser resolvidos rapidamente, o que não significa "resolver imponderadamente", sublinhou, pois "trata-se de património da humanidade, uma das sete maravilhas nacionais e que irá integrar a rota dos três monumentos património da Humanidade (Alcobaça, Batalha e Tomar), o que irá trazer mais-valias importantes para as populações e respectivos monumentos".

Cília Gil admite que a instalação de um Hotel tem vantagens, uma das quais é a auto-sustentabilidade, porém, ressalva, essa hipótese "tem de ser bem analisada e vista por quem tem conhecimento da realidade bem como das situações difíceis de gerir que resultam da existência de espaços devolutos há bastante tempo". "A área que já serviu instalações para o Lar Residencial está devoluta desde 1999 e apresenta-se cada vez mais degradada, estando a já a provocar graves problemas ao Mosteiro, podendo ser, de futuro, um foco de intrusões e de pragas", alertou.

Quanto à abertura do Monumento à sociedade civil, iniciada no mandato de Rui Rasquilho, Cília Gil promete manter o património mundial aberto a todos, lembrando, contudo, que a Direcção não tem autonomia administrativa ou financeira, estando, por isso, sempre sujeita à decisão da tutela. "A parceria cultural com a Câmara Municipal de Alcobaça vai continuar", garantiu, adiantando que "existem vários projectos em estudo, inclusivamente com muita vontade por parte do IGESPAR de dar o seu contributo".
In Rádio Cister

Sem comentários: