Esclarecimento às Populações.
Diz o Região de Cister na sua edição de 8 de Janeiro:
A instalação de uma antena de telemóveis na localidade de Ataíja de Baixo, freguesia
de São Vicente de Aljubarrota, está a preocupar a população que receia pelos efeitos que a emissão de radiação possam causar à saúde. Um morador da referida localidade, que prefere não ser identificado mas garante ter o apoio de vizinhos, decidiu tornar pública uma situação que entende não ser "normal". O munícipe discorda da instalação de uma antena "de um dia para o outro, a paredes meias com as habitações, quando em redor da localidade há uma vasta área despovoada onde poderia ter sido instalada". O queixoso, habitante de Ataíja de Baixo, refere que "para além desta antena, outras coisas têm vindo a surgir que colocam em questão a qualidade de vida da população local", nomeadamente o ruído e poluição provenientes do IC2 e, mais recentemente, o trajecto do TGV previsto passar ali ao lado. O morador acrescenta ainda que, "para além das questões que se prendem com a saúde, também os terrenos e habitações estão a desvalorizar com tudo isto". "Os moradores deviam ser avisados e esclarecidos sobre aquilo que decidem fazer às nossas portas", reclama o cidadão, que gostaria de saber "se aquela antena é legal, se é prejudicial, se é permanente e quem a autorizou".
Quando contactado pelo REGIÃO DE CISTER, o vereador do Planeamento e Gestão Urbanística, Carlos Bonifácio, explicou que "a Câmara apenas averigua o cumprimento
do PDM para a construção da sapata que sustenta a antena" e que a obra é licenciada
"mediante documentação da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), que declara que a instalação da antena cumpre com a directiva comunitária, que regula a emissão de radiação". Por outro lado, a ANACOM diz que "havendo licenciamento das autarquias para construção, a autorização para instalação das antenas é dada". Deste paradoxo fica-se sem entender qual dos passos é o primeiro a dar, no entanto, percebe-se facilmente que não é feita qualquer medição da emissão de radiações electromagnéticas aquando da instalação de antenas de telecomunicações, a menos que seja solicitada. A ANACOM garante que "normalmente as antenas de telemóveis emitem radiações abaixo dos níveis de referência, mas o contrário pode acontecer" e havendo suspeita disso, "o serviço de medição das radiações é gratuito e pode ser solicitado pelos moradores". Caso sejam detectadas irregularidades "a ANACOM obriga a operadora a baixar os níveis de radiação podendo ainda incorrer em penalizações", garante a entidade que explica ainda que "a desinstalação ou deslocação da antena é da competência da Câmara local".
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Bom, nestes casos os operadores são "presos por ter cão e presos por não terem". Se não existe cobertura num determinado local há descontentamento das populações que exigem cobertura. Se se instala uma solução deste tipo para fornecer uma boa cobertura há outro tipo de descontentamento. É legítimo que as pessoas temam pela sua saúde, mas, e é o que pretendo com este post, não há qualquer risco e as pessoas que vivem em redor podem ficar tranquilas.
Esta é uma situação normal e passa-se na Ataíja como se passa em milhares de localidades de Portugal e do mundo.
A localização da estação de um operador no centro da localidade ao invés de ficar nas imediações tem as suas razões. Para todas as estações são definidos objectivos de cobertura e de gestão do tráfego da rede. De modo a serem cumpridos esses objectivos há uma série de factores que têm de ser definidos e normalmente incluem a localização da estação, a cota do terreno, altura da torre e morfologia da zona. Se foi definido que a estação teria de ficar naquele mesmo local, é porque decerto é o que consegue cumprir melhor todos os objectivos. Com toda a certeza que se a estação ficasse nos arredores não cumpriria alguns dos objectivos definidos à partida.
Quanto à radiação, podem todos ficar descansados. Primeiro, porque as antenas instaladas neste tipo de estações são antenas do tipo painel, ou seja, antenas directivas em que a maior potência é emitida em frente e não para baixo, o que leva a que as habitações próximas não estejam na linha de emissão do sinal mais forte. Assim, é preferível estar debaixo da estação do que na sua frente.
A figura seguinte ilustra o diagrama de radiação de uma antena normal, e como se pode ver no diagrama vertical, o maior foco é emitido a 0º, ou seja em frente.
Outro factor também a ter em conta, e talvez o mais importante, prende-se com o facto de que para estas frequências a atenuação do sinal no espaço é muito elevada. Mesmo que a estação emita com uma potência superior aos 10 ou 15W, o que chegará a nós estará na ordem dos mW ou seja centenas ou milhares de vezes menos. Se tivermos em conta a distância a que as antenas se encontram das casas, muitas vezes a atenuação é suficiente para que a radiação que atinge as pessoas seja inferior à emitida pelo próprio telemóvel, que poderá chegar a 1W e que possuímos junto à cabeça. Isto sem contar com a atenuação das paredes e do telhado, se estivermos dentro de casa, onde aí sim, a radiação é mínima.
Creio que se possuíssemos uma antena deste tipo apenas a 5 ou 10m de nós, isso poderia ser um problema, e ainda assim não há quaisquer dados científicos que os provem. Para distâncias maiores devemos sim preocuparmo-nos mas da mesmo forma que temos de nos preocupar com os nossos pequenos dispositivos que emitem junto da nossa cabeça e com uma potência superior à que recebemos.
Um ponto positivo desta situação tem a ver com o nível de potência com que os telemóveis emitem e que está directamente relacionado com a boa ou má cobertura. Numa zona de boa cobertura, os telemóveis automaticamente baixam a sua potencia de emissão, pois não há necessidade de emitirem na potência máxima. Nos casos de má cobertura, o telemóvel para conseguir comunicar com a estação que está mais longe aumenta a sua potência e aí sim, estamos a aumentar a potência do dispositivo que temos junto à orelha...
Espero com isto ter tranquilizados estes moradores. Em caso de dúvida, e como muito bem esclareceu a ANACOM, podem contactá-los de forma a que façam as devidas emissões. No caso de superarem os valores estabelecidos por lei, o que não deverá acontecer de certeza, o operador tem de tomar acções no sentido de regularizar a situação.
Lembrem-se que nas cidades estas estações estão colocadas no topo dos prédios e a distâncias muito mais reduzidas das habitações e que mesmo assim não há quaisquer problemas.
Muitas vezes estas situações, e em especial nestas pequenas localidades são geradas mais por invejas e conflitos entre vizinhos do que propriamente pelos males que possam causar. O facto de existir um vizinho que lucra com a estação e os outros não é sempre motivo de conflito nos nossos meios mais pequenos... Temos de saber ultrapassar estas questões e com isso sim, obter a qualidade de vida tão desejada.
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