Tarantela

Apanhando o lenço de Marcos, Alcobacense pega no pequeno grande livro que estava mais à mão e abriu-o na página 23:

(...)

sonhos contidos
imaculada esperança de
renascer,
não morrer...

não há desejo de morrer

não há desejo de viver

existir em Pensamento,
nas moléculas inteiras
do puro ar
Alimento de Corpos
viventes.

de qualquer modo não toca o puro desejo
de morte:

mas não há
desejo sério de viver.

a sobriedade asfixiada
realidade presente talvez obrigue o ânimo
a rastejar
junto triste condição

espera!

talvez respostas
antecipem perguntas difíceis,
coração ferido...
mas feliz.

in António Honório, Oficina de Sentir, p. 23

E para que a força continue, jorram as águas desta correnteza para o Heliocoptero, Pim, Dulce, José Gil, Miguel Silvestre e Papoila Saltitante.


António Honório, um jovem Alcobacense que em 2002 publicou o "Oficina de Sentir", um livro de Poesia, uma promessa de um jovem poeta da nossa cidade.
Como escreveu o Professor João Fatal no seu prefácio: A. Honório pode não sei, ainda, um estuário ou um Mar, nem pareceria bem sê-lo, dada a juventude do poeta. Mas é já uma fonte, um caudal correndo, busca de mar.