Este Domingo, entre as 12 e as 13 horas na Rádio Cister
"Um Olhar Sobre a Semana", um espaço semanal do Departamento de Informação da Rádio Cister que tem como objectivo a reflexão e o comentário sobre as notícias que marcam os nossos dias, ao nível local, regional e nacional (sem deixar o internacional de fora...). Um Olhar Sobre a Semana é um programa editado, apresentado e moderado por José Alberto Vasco, tendo como comentadores residentes José António Canha, José Costa e Sousa e Valdemar Rodrigues.
Temas da 25ª Emissão
- A passada semana ficou marcada por graves incidentes ocorridos na Guiné-Bissau, onde no mesmíssimo dia foram assassinados o Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, General Tagmé Na Waié, e o Presidente da República, Nino Vieira. Neste início de século e poucas décadas após o fim da descolonização, a violência pura continua a sobrepor-se ao Estado de Direito como modo de tentar resolver questões políticas em muitos países africanos... Poderemos ainda esperar uma África suficientemente segura neste início de século?
- Informações desta semana garantem que o desemprego subiu 28% no distrito de Leiria, durante o passado mês de Janeiro, face a igual período do ano anterior. Segundo os mesmos dados, em Alcobaça, essa subida atingiu os 26%, com 3060 pessoas no desemprego. Em ano de eleições autárquicas, que respostas poderão esperar essas pessoas dos políticos locais?
- -
Opinião Pessoal - Valores do desemprego
Confesso que os valores publicados referentes ao distrito de Leiria e em especial Alcobaça não me provocaram grande admiração. Estou algo céptico quanto ao futuro das nossas empresas, em especial em Alcobaça, pois infelizmente não vejo quaisquer mudanças ou quaisquer adaptações a uma nova realidade que tem de ser encarada com muita coragem, muita determinação e em especial muita criatividade.
Ao longo dos últimos anos, e numa altura em que os mercados sofreram alterações profundas, derivadas da concorrência de novos países, das alterações dos padrões de consumo e das alterações das formas de elaboração do próprio comércio, as empresas de Alcobaça permaneceram estáticas sem nunca se preocuparem em implementarem reestruturações de fundo nos seus modelos. A velha "Foi assim que me ensinaram, é assim que vou continuar a fazer" muito usada em Alcobaça é algo que deveria ter sido abolido há alguns séculos atrás.
No fundo, com as alterações sentidas, as empresas nunca acompanharam os mercados, nunca se quiseram adaptar e nunca foram criativas o suficiente para valorizar os seus produtos em relação à restante concorrência, desta vez mundial.
Outro problema fundamental e a meu ver ainda mais grave prende-se com o modelo de gestão das nossas empresas. A gestão familiar, orientada em função das necessidades da família e amigos próximos.
Toda e qualquer empresa que queira ter futuro, a dada altura tem de optar. Ou continua pequena, familiar e a servir de sustento da família, ou dá o salto e se torna numa empresa a sério com vontade, ambição e a seguir as linhas das grandes empresas com bons gestores, bons técnicos e por aí fora...
Claro está que em Alcobaça sempre se pensou pequeno e se a empresa é minha, há-de continuar minha, sobre a minha alçada e não vou abrir mão. Assim também é mais fácil de controlar e lá vou gerindo os dinheiros à minha maneira e como me é mais conveniente.
Posto isto, lá está que os gestores não têm qualificações, os futuros gestores, filhos dos empresários ainda menos, e as empresas acabam por começar a definhar.
Acresce também o peso dos elevados encargos destas empresas familiares. Como todos sabemos, e seguindo os exemplos das cerâmicas que temos em Alcobaça, os encargos destas empresas com pessoas que não produzem e que não são nenhum valor acrescentado para a empresa são gigantescos. As empresas Alcobacenses funcionam para alimentar os luxos dos próprios donos, de toda a família e de outros elementos mais próximos. Os encargos com salários elevadíssimos a pessoas que nem sequer entram nas empresas é surreal. Ora lá está, que na hora de competir em termos de preços com outras empresas melhor geridas não conseguem acompanhar. Seria bom que se começassem a evitar estrelas da moda, televisão e outros...
É por isso que não podemos ficar à espera que sejam as entidades governamentais a resolver problemas que são no fundo problemas estruturais das próprias empresas.
Sem comentários:
Enviar um comentário